quinta-feira, 21 de outubro de 2010

sorte de principiante

Final de semana passado fizemos um passeio para uma das praias lindas perto de Fortaleza: Mundaú. Dos passeios que vai e volta no mesmo dia, várias pessoas falaram que é a melhor opção.
Mundaú é uma praia infinita de areia branca e mar azul; por ali filmaram o programa "No Limite" há pouco tempo atrás. Por aqui o vento sempre sopra forte e constante, então toda a costa é ótima para a prática de esportes como o kitesurf (uma prancha presa no pé e uma espécie de vela que puxa a pessoa como se fosse uma pipa). Por sinal, eu gostaria de tentar o tal do kitesurf, parece fácil e é incrível!
No fim da praia de Mundaú, tem a pequena vila de pescadores e uma área linda onde o rio deságua no mar, com dunas e mangues. Neste lugar, encontramos um único e pequeno restaurantezinho charmosíssimo, com uma vista linda, chamado "Ocaso". É um lugar simples, com cardápio sucinto, mas todos os detalhes receberam uma atenção especial. É só ver o capricho que eles apresentam a conta!
Enfim, ficamos ali vendo o tempo passar. Havia um veleiro bem em frente à nossa mesa, e de repente chegou um casal bronzeado, cumprimentando todo mundo que por ali vive... e entraram no veleiro. O homem começou a preparar uma rede de pesca, novinha, e o pescador mais próximo ia dando as dicas de como fazer. A moça – parecia ser superativa! – começou a limpar e arrumar todo o barco.
Não me lembro bem se foi da primeira ou da segunda vez que o homem jogou a tarrafa, mas o fato é que ele começou a pegar muitos e muitos peixes!! A moça vinha ajudar a tirar da rede – e logo ia limpá-los, no seu ritmo frenético – e mal ela começava o trabalho, o companheiro pescava mais e mais! E todo mundo vinha ver e falar com eles, impressionados porque, pelo visto, era a primeira vez que ele pescava com uma tarrafa!
Enquanto isso, um pescador local, curtido de sol, em seu barquinho, não pegava nada...
E eu tinha percebido que no veleiro estava escrito "Ajaccio", que é o nome de uma cidade na Córsega, ilha do Mediterrâneo que faz parte do território francês. Eles tinham cara de gringos, mas pensei, não é possível que eles tenham vindo de lá até aqui neste veleiro.
No fim das contas, descobrimos que a mulher era portuguesa, e o homem – que teve sorte de principiante na pesca – era francês. Sim, eles tinham atravessado o oceano, "naquele barquinho ali!" (essas foram as palavras da filha do dono do restaurante "Ocaso", que tem uns 8 anos, e que nos explicou a história deles).
Foi muito legal ver pessoas que realmente atravessaram o oceano, pois quando li o relato da viagem de travessia do Atlântico feita por Amyr Klink (recomendo, e muito, a leitura de "Cem dias entre céu e mar"), não achava que era algo possível de ser feito por pessoas, como posso dizer, comuns.
Bom, é claro que da forma como o Amyr fez – ele atravessou o oceano em um barco a remo – não é assim tão fácil e não é recomendável para pessoas comuns. E eu também nem conheci realmente o casal do veleiro, de repente eles são super conhecidos e eu nem sei...
Mas o que vale é que o episódio reforçou uma idéia que vem crescendo dentro de mim, desde que eu fui morar em Brasília: deve ser muito legal velejar.



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