sexta-feira, 29 de abril de 2011

Viagem de trem pela Ásia – e o que vem depois

mais uma vez a Dan-Ah Kim 

"O trem oferece a verdade sobre o lugar: por mais horrível e selvagem que possa parecer, o interior é também o presente [...] provavelmente o melhor jeito de ver como as pessoas realmente vivem – os quintais, os celeiros, barracos, as ruelas e favelas, os fatos ilustrativos da vida nos povoados, a miséria por sobre a qual voam os aviões. [...] os aviões são sempre uma distorção do tempo e do espaço".

"Ao ver tanta sujeira e desordem, meu humor melhorou. Era fácil maquiar um país no aeroporto, mas naquele trem que cruzava províncias de um país em dificuldades percebi que via a paisagem real, que apanhara o país com as calças na mão. Não levei para o lado pessoal. Fiquei contente ao perceber que ninguém movera uma palha por minha causa, que não estenderiam um tapete vermelho."

***


Já faz algum tempo que tenho vontade de conhecer a Índia. Mas sei que não é uma viagem do tipo "Ops! Me deu vontade, vou amanhã". Então, enquanto tomo coragem, sempre que vejo um livro que fale à respeito me interesso.

O "Trem fantasma para a estrela do oriente" me interessou primeiramente porque estava na estante que fica logo na porta de entrada da livraria. É, não adianta negar, os privilegiados que ficam ali chamam mais atenção – e é por isso mesmo que aqueles lugares valem dinheiro!

Depois, me interessou porque o autor, Paul Theroux, escreve sobre as viagens que ele mesmo faz. A viagem de que trata o livro foi uma repetição, em 2007, da mesma viagem que ele fez na década de 70, pelos países do leste europeu e da Ásia, e que rendeu o best-seller "O grande bazar ferroviário". Ele refez a viagem justamente para ver o que mudou, e como mudou! Só para ressaltar alguns exemplos, a União Soviética não existe mais, e a China e a Índia cresceram muito, em termos econômicos e de (super) população.

Pois bem, o que eu achei mais legal da viagem, é que ele vai por terra – principalmente de trem, mas também de ônibus; pega algumas caronas e atravessa várias fronteiras à pé. Ele evita ao máximo o avião, e concordei com suas explicações do porquê – por isso as citações logo acima...

Gostei muito do livro, é super informativo; é bom ter ele em casa para se acaso você queira visitar algum país por onde ele passou: Turquia, Geórgia, aqueles todos com ão (cá entre nós, em geral não temos a menor idéia de que há vida no Azerbaidjão, Turcomenistão ou Uzbequistão), Sri Lanka, Myanmar, Tailândia, Malásia, Camboja, Vietnã, China, Japão, Rússia, e já voltando, Bielorússia, Polônia... E nem listei todos... Sobre a Índia, o relato é bem detalhado, mas confesso que cheguei à conclusão que preciso pensar ainda melhor se quero realmente ir pra lá!

Ah, "E o que vem depois" do título deste blog? É porque o autor procura sempre encontrar alguns autores renomados dos lugares por onde ele passa. Ele conversa, por exemplo, com Orhan Pamuk, que adora Istambul, quando passa por lá. E também encontra Haruki Murakami, o escritor japonês que também é corredor de maratonas.

Então, depois de terminar de ler o relato da viagem de Paul Theroux, me deu uma vontade (ainda maior, porque vontade já tinha faz tempo) de conhecer Istambul. Só que, em vez de Orhan Pamuk, fui ler sobre as corridas do Haruki Murakami! – mas isso já é tema para outro dia...

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